Ilustração para crônica de Kátia Farret
“Tanto ela insistiu que um dia, mais para me livrar, eu disse: está bem, vamos ao tal Facebook. Mas lá, em vez da minha foto, está a de Sofia, que me representa muito bem. Naquele momento, escolhi alguns poucos amigos com os quais eu quero realmente manter contato, embora para isto não precise do Facebook. Naquele dia, ou talvez logo depois, recebi os comentários de alguns dos amigos comemorando (ou estranhando) a minha chegada ao mundo moderno, e a todos fui logo esclarecendo que apareceria por ali talvez uma vez por mês, se tanto. Desde então, não paro de receber solicitações de amizade vindas da prima do amigo de fulano, da tia de não sei quem, do amigo da amiga de sicrano que não conheço, da mãe de alguém de quem nunca ouvi falar. Sei que posso excluir esta comunicação direta com meu e-mail, mas ainda não parei para fazer isto, qualquer hora vou fazer. Mas enquanto isto me pergunto se estas pessoas sabem, realmente, quem eu sou, e porque dizem querer minha amizade virtual.
©mendes 2012 entre em contato
publicado no jornal Notícias do Dia 23.01.2013
Mendes 